Memória

Segundo o site do jornal “The Guardian”, em dezembro de 2022, MacGowan foi hospitalizado com encefalite viral e, como resultado, passou vários meses de 2023 na terapia intensiva

Por: G1

Shane MacGowan, lendário vocalista e compositor da banda The Pogues, morreu aos 65 anos. A informação foi divulgada pela mulher do músico, Victoria Mary Clarke, em suas redes sociais, nesta quinta-feira (30).

“Shane sempre será a luz que mantenho diante de mim e a medida dos meus sonhos e o amor da minha vida”, diz Victoria.

“Obrigada pela sua presença neste mundo, você o tornou tão brilhante e deu tanta alegria a tantas pessoas com seu coração, alma e sua música.”

Segundo o site do jornal “The Guardian”, em dezembro de 2022, MacGowan foi hospitalizado com encefalite viral e, como resultado, passou vários meses de 2023 na terapia intensiva.

Shane MacGowan no velório de sua mãe, Therese MacGowan, na Irlanda em 2017 — Foto: Arquivo/Clodagh Kilcoyne/Reuters
Shane MacGowan no velório de sua mãe, Therese MacGowan, na Irlanda em 2017 — Foto: Arquivo/Clodagh Kilcoyne/Reuters

O artista foi responsável por transformar a música tradicional irlandesa e incluí-la na cena do rock com a banda The Pogues, na década de 1980. Ele alcançou o mainstream com a música natalina, “Fairytale of New York”, cheia de palavrões, em 1987.

Ele também se tornou uma figura caricata pelo seu visual e comportamento: dentes faltando, colapsos no palco e abuso de drohas e álcool. Ele chegou a ser demitido do The Pogues no auge do sucesso do grupo em 1991.

Nas suas composições, ele se inspirava na literatura, na mitologia e na Bíblia. “Ficou óbvio que tudo o que poderia ser feito com um formato de rock padrão já tinha sido feito, geralmente muito mal”, disse ele em uma entrevista à revista “NME” em 1983, quando os Pogues estavam despontando.

Quem foi Shane MacGowan

 

Nascido no condado inglês de Kent, filho de pais irlandeses, no dia de Natal de 1957, MacGowan, em sua autobiografia, descreveu os verões da primeira infância passados ​​em uma casa de fazenda irlandesa com sua família, bebendo, fumando e cantando canções tradicionais.

“Era como viver num pub”, disse ele ao “Guardian” em 2013. Depois de ganhar uma bolsa de estudos para a prestigiada Westminster School, em Londres, MacGowan lutou para se adaptar e foi expulso dois anos depois por uso de drogas e começou a frequentar bares de Londres com outros músicos.

Shane MacGowan, vocalista da banda The Pogues, morre aos 65 anos — Foto: Reprodução/Instagram/Shane MacGowan
Shane MacGowan, vocalista da banda The Pogues, morre aos 65 anos — Foto: Reprodução/Instagram/Shane MacGowan

Depois de se recuperar, ele abraçou a explosão do punk em Londres no final dos anos 1970 e início dos anos 1980. Seguindo uma moda por fusões de música tradicional de todo o mundo, MacGowan começou a gritar baladas irlandesas com guitarras distorcidas, formando a banda The Pogue Mahone.

O grupo, que mais tarde encurtou seu nome para The Pogues, lançou seu álbum de estreia em 1984, e chamou a atenção da imprensa musical britânica com suas letras sobre beber e brigar com imigrantes irlandeses sem um tostão nas ruas de Londres.

Foi com “A Pair of Brown Eyes”, do álbum seguinte de 1985, “Rum Sodomy & the Lash”, produzido por Elvis Costello, que MacGowan demonstrou seu talento como compositor. A canção abriu caminho para clássicos posteriores como “A Rainy Night in Soho”” e “Summer in Siam”.

Joe Strummer, do The Clash, que mais tarde tocou com os Pogues e substituiu brevemente MacGowan como vocalista, descreveu o artista na época como um visionário, um poeta e “um dos melhores escritores do século”.

O auge do sucesso dos Pogues veio em 1987 com “Fairytale of New York”, que MacGowan cantou em dueto com Kirsty MacColl para criar um clássico de Natal instantâneo, apesar das letras hostis do rádio em que o casal distante troca insultos.

Após uma década com uma nova banda, os Popes, MacGowan e os Pogues se reuniram e fizeram turnês até 2014.