Obituário

Em 66, eles estouraram com uma composição de Lílian, “Devolva-me”, parceria com Renato Barros, seu ex-namorado e líder do grupo Renato e Seus Blue Caps. No ano de 2000, a canção voltaria a ser sucesso em uma regravação da cantora Adriana Calcanhotto. Leno e Lílian ainda tiveram sucessos como “Pobre menina” e “Eu não sabia que você existia”. Lilian morreu neste sábado (22), aos 76 anos

Por: O Globo

Carioca, Sílvia Lília Barrie Knapp conheceu o potiguar Gileno Osório Wanderley de Azevedo (o Leno) aos 6 anos de idade. Quando ela tinha 15, os dois, que eram vizinhos em Copacabana, começaram a cantar juntos. Em 1965, quando Leno retornou do Nordeste, formaram a dupla Leno e Lílian.

Em 66, eles estouraram com uma composição de Lílian, “Devolva-me”, parceria com Renato Barros, seu ex-namorado e líder do grupo Renato e Seus Blue Caps. No ano de 2000, a canção voltaria a ser sucesso em uma regravação da cantora Adriana Calcanhotto. Leno e Lílian ainda tiveram sucessos como “Pobre menina” e “Eu não sabia que você existia”.

Morreu neste sábado (22), aos 76 anos, a cantora Lílian Knapp, sucesso na jovem guarda em dupla com o cantor Leno. Ela lutava contra um tumor agressivo na pélvis. Marido da artista, o produtor Cadu Nolla chegou a pedir ajuda para custear ao tratamento e a internação, através de uma vaquinha virtual.

A dupla Leno e Lílian — Foto: Reprodução
A dupla Leno e Lílian — Foto: Reprodução
Primeira mulher a compor um rock original em português, “O pica-pau” (gravado originalmente por Erasmo Carlos), Lílian se destacou também como versionista de canções dos Beatles, como “You´re going to loose that girl (Meu primeiro amor)”, e “You wont see me (Até o fim)”, gravadas por Renato e Seus Blue Caps. Em 1967, ela assinou “Se tu não fosses linda”, versão para a canção italiana “Se tu non fossi bella come sei” lançada por Agnaldo Timóteo, no LP “Obrigado querida”.

Em 1968, com o fim da dupla, Lílian passou a seguir carreira solo. Voltou a se reunir com Leno em 1972 e 1973, quando lançaram mais dois discos pela CBS. Pouco depois, a dupla novamente se separou. Em 1975, ela voltou às paradas de sucesso com “Como se fosse meu irmão”, de sua autoria e de Márcio Augusto, em disco que vendeu 500 mil cópias, e chegou a ser incluída na trilha sonora do longa-metragem “Pixote”, de Hector Babenco.

Em 1978, porém, viria o maior sucesso de sua carreira solo: “Sou rebelde”, versão de Paulo Coelho para “Soy Rebelde”, do espanhol Manuel Alejandro (hit da cantora Jeanette), que vendeu cerca de um milhão de discos no ano seguinte e teve regravações de Paquitas, Chico César, Marisa Orth e a banda Virgulóides.

Ao longo dos anos 1980 e 90, Lílian trabalhou em estúdios como backing vocals para artistas como Gal Costa e compôs para Sandra de Sá, José Augusto, Sandy e Júnior e Zezé di Camargo e Luciano. Em 1995, ela voltou a se reunir a Leno para participar das gravações e shows em homenagem aos 30 anos da Jovem Guarda. No ano seguinte, fez com o parceiro uma grande excursão que percorreu todo o país. Em 2001, lançou o CD “Lílian Knapp”.

O grupo Kynna — Foto: Divulgação
O grupo Kynna — Foto: Divulgação

Em 2008, a cantora lançou seu projeto de rock underground Kynna, com o o guitarrista Luis Carlini e o marido Cadu Nolla, na bateria, gravando composições de artistas de rock da época, como Júpiter Maçã, Graforréia Xilarmônica, Bidê ou Balde e Autoramas. O grupo lançou, de forma independente, o álbum “Underground”.

Com a morte de Leno, em dezembro de 2022, Lilian seguiu definitivamente em carreira solo. Em novembro do ano passado, ela fez seu último show na Ed Carnes, churrascaria pertencente a Ed Carlos, outro astro da jovem guarda.

Grupo em 1976 que gravou “Só eu e você” (versão de Lílian para “There’s a kind of hush”, hit com os Herman Hermits e os Carpenters), os Fevers lamentaram, em suas redes sociais, a morte da cantora: “Infelizmente recebemos a triste notícia da partida da nossa querida Lilian Knapp… Por muito tempo estivemos juntos em gravadoras, nos palcos, na telinha da TV. Nossas condolências aos familiares e amigos.”