Crítica

Pitty subiu ao palco esbanjando vitalidade. E estava presente em sua essência musical, que é o rock mais visceral possível

Por: William Robson, editor

Fotos: Bia Azevedo

O festival Mada em Natal chegou aos 26 anos em clima de celebração. Não apenas pelo nível alcançado do evento, agora entre os maiores do país, mas por algo em particular também. A cantora Pitty aproveitou o palco na Arena das Dunas na sexta-feira, 18, para mostrar do que o rock brasileiro ainda é capaz.

Ver a baiana  no Mada foi um deleite. Em tempos em que as bandas roqueiras estão escassas no mainstream, Pitty foi a principal atração do Mada, ao lado de outro nome importante da música brasileira (apesar de atuar em estilo antagônico), no caso, Xandy de Pilares. Pitty trouxe para Natal seus principais sucessos e o setlist foi todo baseado no álbum de estreia, “Admirável Chip Novo”, ainda hoje o principal trabalho da artista.

Pitty, durante performance no Mada, na sexta, 18

“Teto de Vidro”, “Equalize” e “Máscara” foram alguns exemplos que levaram o público a uma euforia plena. Outros sucessos da Pitty entraram na lista, porém, o foco foi também celebrar os 20 anos de um dos principais discos do rock brasileiro.

A expectativa de revisitar este disco é saber se os integrantes de sua banda vão segurar a mesma pegada e entrosamento tão claros no álbum. A resposta é que tal expectativa foi atendida. Os músicos conseguiram revisitar até os arranjos mais detalhistas do disco. Para quem é fã da Pitty e ouviu o disco até furar, teve a certeza de que ouviu todos os elementos, ressaltando que a qualidade sonora emanada no festival, mesmo com a reverberação notada em alguns pontos do estádio. Claro, o time que acompanha a Pitty é formado por nada menos que o citado Martin Mendonça (guitarra), Paulo Kishimoto (baixo) e Jean Dolabella (bateria). Teria como dar errado?

Pitty subiu ao palco esbanjando vitalidade. E estava presente em sua essência musical, que é o rock mais visceral possível. Mesmo com experiências variadas em sua carreira, como o projeto Agridoce, com Martin Mendonça, e o Pittynando, com Nando Reis, a cantora decidiu voltar às raízes do peso.

O rock da Pitty dividiu espaço com o samba de Xande de Pilares dando versões para músicas de Caetano Veloso na maior parte do show, o rap de BK, Badsista, Ramemes e Miss Tacacá. A estrela do rock brilhou em meio à diversidade e o ecletismo característicos do Mada. Pitty é uma espécie de missionária de um estilo que nunca morreu, mesmo com estágios instáveis ao longo do tempo. Porém, quem tem o rock na veia jamais abandona a rebeldia.