Entrevista

Em exclusiva ao BDD e sob influências diversas, que passam pelo reggaeton ao folk indie, de Ney Matogrosso a Liniker, músico mossoroense recebeu apoio fundamental do produtor Jean Lone em projeto já disponível nas plataformas

Por: William Robson, editor

Imagem: Divulgação

Marvin é uma boa novidade na cena musical mossoroense. Sob influências diversas, que passam pelo reggaeton ao folk indie, de Ney Matogrosso a Liniker, ele recebeu apoio fundamental do produtor e músico Jean Lone em projeto já disponível nas plataformas, a música “I’m Not A Saint”, que segundo o próprio autor, “fala sobre se entender como alguém falho e que eu tenho consciência disso”. A canção está disponibilizada desde esta sexta (22) e você pode ouvir aqui no site do BDD, contemplando ao mesmo tempo, a entrevista exclusiva com o artista.

Embora na ativa desde 2019, Marvin espera ampliar seus horizontes com este lançamento. Na conversa com o BDD, ele fala de seus trabalhos anteriores: “Call Me By My Name”, produzida usando um celular, “What We Going To Find” e “Eu Resisto”.

Neste atual single, Marvin se coloca mais amadurecido em termos musicais. “Quero dizer que “I’m Not a Saint” é uma música que marca uma parceria, um novo horizonte e novas possibilidades que eu tive a honra de experimentar e eu estou muito feliz que deu certo”, afirmou ele, que se coloca aberto para o show de lançamento.

 

Fale um pouco de sua história com a música.

Bem, mesmo que sendo eu criado em uma zona rural no interior do RN, acordando ao som de Luiz Gonzaga, Mastruz com Leite e um monte de artistas do forró eu me encontrei em estilos nada comuns por aqui. Na adolescência consumi bastante a MTV (enquanto era um canal aberto) e me apaixonei na dinâmica que a música pop me oferecia, as artistas que eu gostava de ouvir e as suas músicas que de início não fazia tanto sentindo, mas quando fui superando as barreiras da língua, fui me apaixonando mais. Sempre ficava cantarolando minhas músicas, mas crescer onde eu cresci, o discurso de “viver da arte”, cantar, fazer música, não atraia em nada e não batia com o discurso de que “isso não vai te dar dinheiro algum”. Por conta disso, eu demorei muito pra ter confiança de cantar em público, eu cheguei a postar um vídeo cantando no Facebook em 2015, mas antes passei dois dias pra enviar, o medo de me expor era enorme. Só foi em 2019, em uma peça teatral que eu cantei Hera Venenosa da Rita Lee em no auditório Ariano Suassuna do IFRN Pau dos Ferros que eu tive coragem de publicar minha primeira música “Call Me By My Name”, que por que eu tinha zero recurso foi produzida toda usando um celular. E assim foi com as duas músicas seguintes “What We Going To Find” e “Eu Resisto”. Depois consegui comprar um microfone, básico, mas que me ajudou a melhorar um pouco mais a parte técnica. Meu conhecimento de música e de arranjo é bem limitado, mas eu me encontrei nas melodias mais simples uma forma de me expressar. Essa foi a forma que eu encontrei e tenho aproveitado como um hobby, mas esse hobby já me deu espaço em dois festivais que deram um incentivo em continuar cantando e fazendo música e sem dúvida o apoio das pessoas que estão próximas a mim.

 

Você está lançando o seu single esta semana. Como foi a produção e a composição?

Sobre a composição “I’m Not A Saint” é uma música que fala sobre se entender como alguém falho e que eu tenho consciência disso. E também fala sobre não somente estar ciente, mas que o julgamento do outro fala dele também, então essa música tem uma mensagem que é próxima, é óbvia até, mas eu creio que precisamos ouvir o óbvio, precisamos para não esquecer disso, servir de lembrete. Eu escrevi essa música quase em abril do ano passado (2023) e eu estava guardando-a, até o momento que Jean me chamou para trabalharmos em uma música, e ela foi a primeira que eu pensei.

Como eu disse antes, eu venho de um cenário que eu precisei fazer tudo praticamente sozinho, mas dessa vez essa música ela tem uma família eu diria. Essa música é uma parceria entre Jean Lone e eu, o conheci no Festival DoSol Interior, e assim que ele me convidou e eu fiquei muito animado em trabalhar com ele e não só isso, mas eu encontrei um amigo que me apoiou e me ajudou a trazer essa música para as pessoas, numa qualidade que eu pensei que eu iria levar mais alguns anos para alcançar se fosse sozinho. Eu compus a letra e a melodia da música, Jean ele fez um trabalho fantástico na produção porque fizemos juntos cada detalhe, tudo foi decidido em conjunto e a experiência foi algo que eu posso resumi em respeito e liberdade, e também não só por eu ter participado, mas como também de termos referencias similares, além do fato da sintonia na produção, sabíamos o que queríamos e depois de algumas boas sessões no estúdio “I’m Not A Saint” tomou vida, não só ela mas outras ideias foram inevitáveis e também foram iniciadas. Resumindo, quero dizer é “I’m Not a Saint” é uma música que marca uma parceria, um novo horizonte e novas possibilidades que eu tive a honra de experimentar e eu estou muito feliz que deu certo.

Já tem projetos após o lançamento do single?

Bem, o que planejo é sobre poder lançar novas músicas esse ano, um EP – quem sabe? – com novas sonoridades, novas temáticas e quem sabe explorar mais a parte visual, é outra barreira que enfrento, mesmo eu me formando em RTVI, e produzindo curtas-metragens e trilhas sonoras ainda temo em aparecer em clipes, mas é algo que quero explorar, o visual tem muito apelo e é algo que eu enxergo como algo essencial no futuro.

 

E show previsto na cidade para o lançamento?

Eu sou muito novo no cenário local, mas é algo que eu quero poder expandir, eu quero muito poder fazer alguma apresentação, mas nesse caso eu estou aberto as oportunidades que dependem de incentivos externos, eu diria. Então, no momento, nada confirmado (ainda).

 

Como você tem visto a cena musical independente em Mossoró? Tem acompanhado?

Como eu disse, sou novo na cena independente, mas já tive contanto e tenho com algumas pessoas que já estão aqui atuando na cena, tem uma galera incrível, com muita energia, trabalhos ótimos então tem sido observar mesmo que de longe. Minhas participações foram bem pontuais, então tem sido ainda um campo que eu sinto que estou no processo de me inserir ainda mais, mas isso é com o tempo e possibilidades que surgirem.

 

Quais as suas influências musicais e que estão presentes em seu trabalho?

Eu sou um grande fã da música pop, desde as divas até artistas de outros gêneros, como: Afrobeat, Reggaeton, Indie Folk, Jazz, R&B e Soul. Eu sempre falo que as minhas referencias são uma mistura das baladas da Adele, a letra pop e simples e ao mesmo tempo, metafórica da Sia, a calma e leveza vocal que eu tanto amo de Aurora (uma cantora norueguesa). Mas também tem Jessie J, Yebba, Ariana Grande que com certeza me influenciam bastante. É claro que os artistas nacionais também estão presentes, Ney Matogrosso, Rodrigo Alarcon, Liniker, Urias, Duda Beat, são artistas que me influenciaram também. De modo geral, é isso, tudo que reflete o pop. Cada qual com a sua contribuição, seja estética, vocal, composição ou na dinâmica que eles trazem em seus trabalhos.