Lançamento

A faixa é parte do EP “Voz do Meu Destino” , que João Ramalho vem lançando pouco a pouco, e chega às plataformas digitais em 19 de maio, com o feat emocionante de Amelinha.

Por: Chris Fuscaldo

Este ano, o Dia das Mães teve um sabor especial para Amelinha , cantora brasileira e grande nome da música nordestina. O filho que esperava quando posou para a fotografia da capa do álbum que a Alçou à fama, “Frevo Mulher” (1979), agora destila todo o seu amor e sua gratidão em uma canção que compôs especialmente para ela e que foi gravada pelos dois. João Ramalho , fruto do relacionamento amoroso de Amelinha com Zé Ramalho , fez “Dois em Um” alguns anos atrás, mas esperou a hora certa, ou seja, o momento em que ia se lançar em carreira solo para jogar mais luz sobre a belíssima letra que começa assim: “Dona dessa Luz / Dona dos meus Sonhos / Cuida bem de mim / Guia meus encontros”. Ao que a mãe responde: “Filho meu amor / Eu te mostro tudo / Compartilho a dor / Sou o seu escudo”.

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A faixa é parte do EP “Voz do Meu Destino” , que João Ramalho vem lançando pouco a pouco, e chega às plataformas digitais em 19 de maio, com o feat emocionante de Amelinha.

“’Dois em Um’ é a segunda música que fiz para minha mãe, mas essa eu compus muito inspirado. É um relato de confissões e vivências em que a mãe está ali e o filho conta com ela. O primeiro amor de um filho é a mãe. Muitas mães dizem que existem depois que tiveram um filho. ‘Dois em Um’ fala dessa cumplicidade, dessa ligação que tenho desde o cordão umbilical até os dias de hoje. Foi uma emoção incrível reviver com ela. A gente já tinha feito shows juntos, Ela chegou a gravar uma faixa com minha banda, a JPG Mas essa gravação foi só de nós dois. É um sonho realizado sendo minha mãe a Amelinha, uma grande artista da música brasileira”, afirma João.

Do álbum, até agora, já foram disponibilizadas nas plataformas digitais “Merci”, “Diz pra Mim” e “O Lado Bom do Erro”. Com direção musical de Gui Schwab – que também assina o arranjo e toca guitarra, violão e viola caipira – “Dois em Um” conta com Sergio Melo (bateria), Renan Ramos (sanfona), Wlajones Carvalho (percussão) e Marcelo Ribeiro (baixo). O arranjo foi uma encomenda de João, que se desenvolveu em “The Wolf”, música do filme “Na Natureza Selvagem”, cuja trilha é assinada por Eddie Vedder. A melodia inicial contagia como um mantra. Quando João canta, emociona. A entrada de Amelinha arrebata. Com aquele vozeirão que já conquistou muitos corações em canções como “Foi Deus que Fez Você”, a cantora modula o amor enquanto solta a voz.

“Eu tive que ser profissional, porque foi tudo muito emocionante. Todos no estúdio ficaram emocionados. E eu tive que me concentrar para não perder a voz. Lembrei da minha mãe, que era professora e me deixou muito livre. Eu tentei reproduzir isso com meus filhos. Quando a gente faz uma coisa dessa, volta no tempo, faz uma retrospectiva. Eu sou muito ligado aos meninos ( João e Maria ), assim como aprendi com meus pais. João sempre foi muito criativo, nasceu artista”, diz Amelinha.

João foi concebido por dois grandes artistas e, ainda pequeno, mesmo gostava de se divertir com sua guitarra de brinquedo. Ao mostrar a música a Amelinha anos atrás, ela chorou de emoção. Para não chorar em estúdio – onde João, Schwab e Jonavo, diretor artístico, choraram – ela aproveitou o tempo que teve entre conhecer a faixa e gravá-la para se acostumar com a homenagem. Não é fácil segurar as lágrimas diante de uma declaração de amor tão profunda e poética. O cantor e compositor certamente emociona vair muitas mães e filhos com esse novo lançamento.

 

Sobre João Ramalho

Nascido em 22 de agosto de 1979 em Fortaleza, onde seus pais moravam à altura, João Collares Ramalho compartilhou algumas baterias de brinquedo e acabou ganhando de presente uma guitarrinha, com a qual se apresentou nas festas de casa. Filho da cantora cearense Amelinha (ele estava na barriga da mãe na foto de capa do álbum “Frevo Mulher”) e do cantor e compositor paraibano Zé Ramalho, o menino adorava se mostrar com o pequeno instrumento aos amigos dos pais, inclusive aos integrantes da Seleção Brasileira de 1982 em um encontro logo após a Copa do Mundo realizada na Espanha. Como se não bastasse a filiação, ele ainda foi batizado pelo cantor e compositor Fagner, outro ícone da MPB nordestina.

Sua maior inspiração, quando criança, foi o guitarrista Robertinho de Recife (ainda hoje uma grande influência). Na medida em que foi crescendo – e se mudando para o Rio e, na adolescência, para Niterói – João foi absorvendo uma série de referências que ajudaram na formação do seu gosto musical. Aos 15 anos, ganhou o pai o seu primeiro violão e começou a tocar sucessos de nomes como Lulu Santos. Voz e violão oficial dos recreios da escola, João Ramalho acabou convidado a fazer barzinhos aos 21. Em 2003, formou com Eduardo Gema a banda de cover JPG.

O trabalho autoral foi sendo amadurecido enquanto João ouvia, além das influências internas, nomes como Jack Johnson e Ben Harper. Antes de preparar seu primeiro trabalho, tocou com o pai no DVD “Tá Tudo Mudando – Zé Ramalho Canta Bob Dylan”, apresentou-se algumas vezes ao lado de Amelinha e gravou “Noite Preta” e “Beira-Mar” para o projeto “40 Anos Remake Pop Rock” dos álbuns “Zé Ramalho” e “A Peleja do Diabo com o Dono do Céu”. Nas redes, impacta os flamenguistas com seu personagem “Zopilote” (“urubu” na língua espanhola) no YouTube e faz todo tipo de gente rir com seus vídeos no Instagram.

*Jornalista, pesquisadora musical e biográfica