É uma mistura total. Cami Santiz abre a noite de sábado, 19, no festival Mada destacando o que ela chama de “bregadeira lo-fi”. Para isso, incrementa em seu som uma variedade de influências construídas em andanças pela América Latina e também de suas raízes familiares. Cami mora em Natal e reúne influências do som independente com forte apelo cultural. É isso que a artista pretende levar para o Mada. Cami Santiz conversou com o BOLSA DE DISCOS e falou de sua carreira, influências e sobre as surpresas do show, que trará músicas inéditas ainda não lançadas nas plataformas de streaming.
BOLSA DE DISCOS – Seu trabalho é de grande potência e mistura de ritmos brasileiros. Esta é a marca que você deve levar para o Mada 2024?
Cami Santz – Toda a latinidade que está em minhas músicas vem da minha experiência antes de me tornar cantora. Fui mochileira por quatro anos e passei por 14 países. De Natal fui à Argentina, Colômbia, e assim, me apaixonei pela cultura da América Latina. Principalmente, pela música urbana. Passei muito tempo observando o que as pessoas estavam ouvindo na rua. Além disso, eu sou do Norte, onde tem o carimbó, todo este mundo de diversidade musical.

E o Nordeste entrou também?
Aqui, eu comecei a ter experiência e ouvir outras coisas. Hoje mesmo eu recordei dos tempos em que era muito fã da banda Grafith, quando eu tinha uns 15 anos, levei os caras para o meu colégio, o Cacá ligou pra mim para dar os parabéns… Então, tudo isso me marcou muito. Hoje, em dia, eu faço uma mistura que chamo de “bregadeira lo-fi”, ou seja, tem elementos da bregadeira, mas tem algo que difere, como sintetizadores bem marcantes. Em “Amor por Telepatia” dá para ver muito bem isso.
Essa música foi bem executada, né?
Sim, atingiu um outro público até. Talvez, não exatamente o público da bregadeira, mas expandiu por conta da mistura. No meu show, quero resgatar toda esta latinidade. Quero cantar Macumbia, algumas composições do início de minha carreira até chegar às minhas músicas novas, que é a bregadeira com o lo-fi.
Você falou de suas experiências em lugares, mas essencialmente, de onde vem o seu som em termos de influências?
São várias. O meu pai é do Rio de Janeiro, então cresci ouvindo muito samba, pagode. Minha mãe é do Norte, então ouvi muito o calipso, carimbó… Atualmente, escuto muitos artistas como Uana, Totô de Balalong, Bruno Perly, Bebé, uma cantora do som independente, a Jaya, que é de Brasília e estamos fazendo um feat.. Todos eles influenciam muito do que eu faço. Quem ouvi-los vai ver algo em comum com meu som.
Já há uma prévia disso tudo no setlist?
Dessa vez, quero dar mais espaço para as minhas músicas autorais e vou contar também com algumas participações. Acredito que minha caminhada na música foi muito veloz em Natal e isso se deve também por uma construção coletiva, atavés das pessoas terem me dado espaço. Por isso, vou contar com a presença do Davi, da banda Soul Rebel, que abriu a primeira porta para mim; até mesmo o coletivo de dança, As Estranhas, onde vou trazer mais o “Gloss”, que a minha música mais diferentona, mais pop. E farei um cover também, que sempre trago, da Priscila Tossan…
Desse trabalho autoral, haverá alguma novidade a ser lançada exclusivamente no festival?
Com certeza. A maior parte do meu trabalho não está nas redes. Acho legal como as pessoas estão se engajando com minha música, porque estão conhecendo indo para os shows, aprendendo as músicas lá. É uma troca muito legal. Gosto de fazer isso: levar minhas músicas para o show primeiro e, em seguida, ir para as plataformas. Então, no Mada, as pessoas vão ouvir músicas inéditas. São surpresas.
Quando você fala em bregadeira, você vai buscar nos clássicos do brega também, estilo Reginaldo Rossi, Odair José, Bartô Galeno?
Sim. Eu adoro Bartô Galeno. Tenho escutado muito os clássicos do brega. Nelson Gonçalves… Reginaldo Rossi sempre esteve presente. É um ícone. O que eu faço tem esta pitada do brega, mas não vai para o clássico. Outros elementos acabam entrando com Silvinha Calixto (bateria), Suammy (guitarra) e Fortunato (baixo). Eles têm muita liberdade para improvisação. A gente traz todos estes elementos e acrescentamos um toque Cami Santiz em cima. É bom ouvir.