Entrevista

Novo disco um metal com letras em português que mesclam melancolia e agressividade, poesia, prosa e consciência numa sonoridade que mistura elementos clássicos e modernos do estilo; vocalista da banda conversou com o BDD

Por: William Robson, editor

A Lugubra é uma banda baiana, gestada em 2023, mas que traz consigo a experiência de grandes músicos o Estado. Surgiu quando o vocalista Leonardo Leão, o guitarrista Rafael Syade e o baixista Marcos Cazé decidiram lançar novo projeto após o fim da banda Drearylands, considerado um dos maiores nomes do metal na Bahia.

Agora, com trabalho diferente e uma banda nova em folha, a Lugubra lança este ano seu álbum de estreia, “Flores e Pedras”, apresentando um metal com letras em português que mesclam melancolia e agressividade, poesia, prosa e consciência numa sonoridade que mistura elementos clássicos e modernos do estilo, incluindo arranjos que remetem a subgêneros como doom, death e black metal, passando por ambientações de post-rock e rock progressivo.

Nesta entrevista concedida do BDD, o vocalista Leão fala da carreira, dos projetos da banda e, claro, do novo disco (a versão em CD sai em julho).

 

Vocês acabam de lançar o disco de estreia, “Flores e Pedras”, mas têm uma relação de mais de três décadas. Como vocês uniram a experiência de tanto tempo com este novo projeto?

Leão: Na verdade, eu comecei no cenário metálico no fim dos anos 80, mas só em 1994 consegui estabilizar uma banda, que foi a Shadows. Já em 1999 comecei com a Drearylands e, três anos depois, o guitarrista Rafael Syade e o baixista Marcos Cazé entraram para a banda, que entre altos e baixo durou até 2022, quando nosso baterista Louis faleceu. Nesse período todo, a gente conheceu Ricardo Agatte, responsável pela bateria da banda Behavior, e nos tornamos amigos. Então, quando pensamos em começar um novo projeto, foi natural nos reunirmos com ele. Já o guitarrista Mateus Alves, nos chamou a atenção nos últimos anos tocando na banda Aztlán, e foi nossa primeira opção para completar o time. E o mais legal de tudo é que na banda temos quatro gerações de músicos no que se refere à entrada no cenário, mas cada um com sua trajetória, seus gostos e influências acabou trazendo uma nova visão, uma nova forma de tocar e compreender a música.

 

Como surgiu a ideia da banda Lugubra? E de onde deriva o nome?

Leão: Com o fim da Drearylands, cheguei a pensar em deixar os palcos, mas pouco tempo depois Syade me mostrou uma música nova que estava fazendo e a vontade de compor e cantar voltou com força. Retrabalhamos algumas músicas que já tínhamos composto juntos (eu e Syade), acrescentamos outras ideias com o foco de buscar uma nova sonoridade. Sem deixar de lado o legado que havíamos construído juntos na Drearylands, mas ampliando os horizontes incorporando elementos dos mais diversos subgêneros do Metal e a grande decisão foi fazermos todas as letras em português.

No final das contas, na hora de batizar a banda, decidimos por LUGUBRA, que é uma corruptela de “lúgubre”, adjetivo que remete a fúnebre, melancólico, algo que inspira grande dor ou tristeza, que é o clima que adotamos nas músicas, principalmente nas letras.

 

Após o lançamento do disco, quais os próximos passos?

Leão: A gente vai lançar o álbum em CD em julho, seguido do primeiro videoclipe e, a partir daí, ampliarmos a divulgação. Paralelamente, vamos intensificar a agenda de shows e programar a primeira turnê.

 

Como vocês definem o som de vocês e quais as principais influências?

Leão: É difícil a gente definir nosso som. Deixo para que cada ouvinte classifique. O que fazemos é heavy metal, mas temos passagens mais agressivas com batidas death metal, outras mais depressivas que remetem ao doom metal, além de arranjos que flertam com as levadas do black metal, rock progressivo e do metal mais moderno. Em linhas gerais somos uma banda de Metal.

 

Fale um pouco da experiência dos músicos. Há outros discos de outros projetos, né?

Leão: Em relação a palco, shows, além das bandas autorais quase todos nós já participamos ou ainda participam de bandas covers há muitos anos. Já no que se refere a lançamentos, eu lancei três discos com a Drearylands e um com a banda de stoner rock Motrícia. Já Syade e Marcos gravaram os dois últimos da Drearylands e Marcão também lançou um disco com a banda Pandora de thrash metal. Agatte já lançou dois álbums com a Behavior e um EP com a Veuliah, ambas bandas de death metal. Já Mateus lançou um EP com o grupo Aztlán de death metal melódico.

 

A perspectiva de turnê? Como está a agenda?

Leão: Como falei, primeiro vamos intensificar a divulgação, distribuir o CD para então passarmos a viajar. Como todos têm outras atividades laborais, temos que pensar bem na logística da turnê, que acontecerá no próximo verão.