Você não sabia

“Chorando se Foi” foi lançada em 1986, no terceiro disco de Márcia Ferreira, uma das percursoras da lambada no país, inclusive conhecida pelo epíteto “A Rainha da Lambada”

Por: Tio Colorau

A música do verão de 1989 foi a lambada “Chorando se Foi”, da banda Kaoma. Tanto a canção como a própria banda possuem muitas histórias mal contadas e cheias de contradições. O sucesso foi estrondoso, inclusive além-fronteiras, mas pouca gente sabe o que realmente estava por trás de tudo. Vale conhecer um pouco da nebulosa e tumultuada história do grupo Kaoma.

Tudo começou em dezembro de 1988, quando o cineasta francês Olivier Lorsac e o produtor Jean Karakos visitaram Porto Seguro (BA) em busca de locações para a gravação de um filme publicitário. Durante a estada no local, eles filmaram uma turma de jovens dançando lambada, ritmo de origem paraense. Como que num estalo, os gringos viram ali uma forma de ganhar dinheiro. A ideia foi criar uma banda para gravar canções naquele ritmo. Os dançarinos, os músicos e a cantora Loalwa Braz foram escolhidos por meio de testes. Nascia a banda Kaoma.

A história da música “Chorando se Foi” precede o grupo Kaoma. Trata-se de uma versão para a canção “Llorando se Fue”, da banda boliviana Los Kjarkas. Tudo começou quando a cantora Márcia Ferreira foi fazer um show em Tabatinga (DF) e lá seus músicos acompanharam uma apresentação da banda colombiana Quarteto Continental, onde eles executaram a canção. Os músicos ficaram encantados com a melodia, e então compraram o disco, dando-o à Márcia, sugerindo que ela fizesse uma versão daquela canção envolvente, o que foi feito, seguindo todos os trâmites legais quanto a direitos autorais.

“Chorando se Foi” foi lançada em 1986, no terceiro disco de Márcia Ferreira, uma das percursoras da lambada no país, inclusive conhecida pelo epíteto “A Rainha da Lambada”.

O quiproquó começou quando a banda Kaoma gravou “Chorando se Foi” sem dar os devidos créditos, nem a Márcia Ferreira e nem aos compositores originais. No disco, a canção é atribuída a um tal de “Chico de Oliveira”, pseudônimo do cineasta Olivier Lorsac. O caso foi parar na Justiça francesa, que reconheceu os direitos dos compositores bolivianos e de Márcia.

A banda Kaoma chegou a gravar três discos, mas apenas o primeiro fez sucesso. Ao todo, foram 21 integrantes, mas a imagem mais conhecida foi a da cantora Loalwa Braz, que morreu tragicamente em janeiro de 2017, quando homens invadiram uma pousada da cantora em Saquarema, Rio de Janeiro. Na fuga, levaram Loalwa em seu automóvel, tocando fogo com ela dentro. As investigações concluíram que um caseiro foi o mentor do crime.