Entrevista

Ela esteve na edição do Mada de 2025, conversou com o BDD e vem encantando plateias mundo afora, fundindo axé, MPB, pop, reggae, arrocha, pagodão baiano e afrobeats. Ela já foi reconhecida com prêmios como o da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e se destacou com sucessos em trilhas sonoras de novelas e séries, como “Bateu” e “Caju”.

Por: Myrna Barreto, especial para o BDD

Fotos: Myrna Barreto e Renan Simões

 

Rachel Reis é cantora e compositora, natural de Feira de Santana, na Bahia. Ela esteve na edição do Mada de 2025 e vem encantando plateias mundo afora, fundindo axé, MPB, pop, reggae, arrocha, pagodão baiano e afrobeats. Ela já foi reconhecida com prêmios como o da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e se destacou com sucessos em trilhas sonoras de novelas e séries, como “Bateu” e “Caju”.

Rachel traz em suas músicas temas como amor, ancestralidade e força feminina. Sobre esta última, ela conta, em entrevista exclusiva para o Bolsa de Discos, que a mãe e a irmã são boas influências para o start em sua trajetória musical. Rachel Reis conversou comigo logo após a realização de seu show no Festival Mada e neste rápido bate papo ao BOLSA DE DISCOS falou sobre família, influências musicais, produção musical das mulheres no Nordeste/Potiguar e também sobre futuros projetos.

 

Myrna Barreto (Bolsa de Discos) – Como você descreve o início da sua trajetória musical?

Rachel Reis – Eu comecei no barzinho, né? Venho de uma família de mulheres artistas. Minha mãe é uma ex-cantora de forró, de seresta, de reggae, de tudo. Ela misturava os ritmos. Me lembro ali nos últimos shows dela, quando eu era bem pequenininha. Ela misturava muito pop, com a seresta, com o arrocha. Ela levantava um show mesmo, era coisa de louco. Minha irmã mais velha seguiu logo a trajetória da música também, seguiu os passos da minha mãe. Hoje ela é uma cantora de forró. A música sempre fez parte da minha vida, e toda essa mistura da Bahia sempre me movimentou.

 

Rachel Reis, em ação durante o MADA

Myrna Barreto (Bolsa de Discos) – Isso era em Feira de Santana?

Rachel Reis – Em Feira de Santana. E aí, em 2019, passei um tempo fazendo barzinho e logo parei, mas resolvi me jogar no autoral, entender como é que funciona. Juntei um dinheirinho e fui gravar as minhas primeiras músicas. Foi em 2020 que a minha história com a música começou.

 

Myrna Barreto (Bolsa de Discos) – E estourou; bem-sucedida, né! Que maravilha! Hoje eu vi que você fez no seu show uma homenagem muito bonita ao Jorge Ben Jor, dá pra perceber que seria uma influência ou referência. Eu gostaria de saber quais são as suas referências musicais que você poderia destacar.

Rachel Reis – Ah, eu sou uma pessoa muito de veneta, e eu escuto quase de tudo. São bem aleatórias as minhas playlists. Tem período que eu tô ali mais na vibe de um indiezinho, depois um samba-reggae, né? E aí eu pego de tudo. Eu venho da Bahia, que é esse lugar tão rico de cultura, que a gente tem de tudo. Tem as divas do samba-reggae, do Axé Music, Daniela [Mercury], Ivete [Sangalo], Margareth [Menezes], e a gente tem a bossa nova de João Gilberto. A gente tem o arrocha de Candeias com Nara Costa, uma mulher incrível representando o arrocha. Minha mãe, Maura Reis, seresteira dentro de casa, que hoje é evangélica. Isso me marca muito, mas eu consigo ter referência em todos os lugares ali. A galera da Tropicália, eu acho muito incrível esteticamente, né! A música da Bahia me movimenta. As músicas do trio [elétrico], isso tudo me pega. Consigo pegar de todos os lugares ali um pouquinho.

 

Myrna Barreto (Bolsa de Discos) – O que tem hoje na sua playlist?

Rachel Reis – Amy Winehouse, tu acredita? Eu sou muito fã dela, tenho a tatuagem dela aqui. Eu tava escutando. Vou falar do disco dela, Back to black, que chegou pra mim recentemente. Já sou fã e tava escutando no vinilzinho, que é outro sabor. Vou indicar Amy Winehouse.

 

Myrna Barreto (Bolsa de Discos) – Como eu te vi no Festival DoSol há uns anos, percebo que você já frequenta Natal. Há algum artista potiguar por quem você tem uma consideração especial?

Rachel Reis – Ah, Potyguara [Bardo]! Potyguara cantou aí há um instante. Maravilhosa, sou fã demais! A gente se acompanha e eu torço muito pelo trabalho dela.

 

Rachel Reis, durante entrevista ao BOLSA DE DISCOS, em Natal

Myrna Barreto (Bolsa de Discos) – E em relação ao Nordeste, o que você percebe da música, das mulheres, como é que tá esse momento?

Rachel Reis – Eu percebo que a música tá num movimento muito bom, a Bahia tá pulsando muito. Eu tenho visto muitos artistas novos surgindo e com muita ligação, com muita liga com a galera que tem esse legado. Eu curto muito essa mistura das gerações, eu fico muito feliz quando eu vejo esse movimento muito vivo. Sued Nunes, Duquesa, tem uma galera muito, muito massa. Luedji Luna, maravilhosa! Eu fico feliz de fazer parte disso, né? Tem tudo em todos os lugares, de todos os gêneros, é uma grande salada, é uma grande mistura.

 

Myrna Barreto (Bolsa de Discos) – Mas que safra, né? É tão linda!

Rachel Reis – É uma safra muito linda, e eu fico orgulhosa de poder fazer parte disso, é muito incrível mesmo. Sinto que ser baiana influencia totalmente no jeito como eu canto, no jeito como eu enxergo a música hoje. Ser uma cantora baiana, pra mim, faz toda a diferença.

 

Myrna Barreto (Bolsa de Discos) – Eu sei que você tá com esse trabalho e tá ainda fazendo um show com ele, mas o que se espera da Rachel mais pra frente?

Rachel Reis – Eu sou muito de veneta. Já tô fazendo uns negócios aí, vai ter uma festa minha agora, o Canto da Sereiona, dia 22 de novembro, em Salvador, no MAM. Tô fazendo umas coisinhas ali com os fãs. Eu tô sempre em movimento, não gosto de parar, a cabeça tá sempre fervilhando, e é isso, levar o Divina Casca [último álbum da artista] pra vários lugares. Quero cantar fora do Brasil também. Já cheguei a fazer uma turnê, mas eu quero fazer outra, quero que a minha música chegue pra fora, cantando em português. É isso, espero rodar muito, vou continuar lançando coisas, pois eu gosto de lançar minhas coisinhas, mas quero levar o Divina casca pra muitos lugares.