Na primeira noite do festival Mada 2025, dia 18 (sexta-feira), realizado na robusta estrutura da Arena das Dunas, na capital potiguar, parece corroborar a ideia de que o seu perfil é apresentar um evento pautado na diversidade de sons, artistas e propostas musicais. Analisando, por exemplo, a distribuição do line-up nos dois dias, 17 e 18 de outubro, a estratégia da organização parece ter sido no primeiro dia selecionar as atrações com público de grande amplitude numérica, já que pelas informações da assessoria do evento, a marca era de 20 mil expectadores que transitaram entre os três palcos montados durante o dia de abertura desta edição.
A primeira noite de shows teve início às 19h30, com a cantora Dani Cruz, que mesmo tendo 10 anos de estrada na música potiguar, a artista abriu a programação enquanto também fez a sua estreia no festival Mada. Dani apresentou o seu recém-lançado Canto de sol e demonstrou muita satisfação e conexão com o público que começava a chegar na área do gramado, que é onde se encontram os dois grandes palcos lotados no campo da Arena. Às 20h02, deu o start no Baile da Amada, localizado do lado de fora da arena, que é um palco com menor dimensão estrutural, mas que (aos meus olhos) pareceu muito maior quando a soteropolitana Jadsa deu os primeiros acordes em sua guitarra.
A cantora baiana começa a despertar o público já nas primeiras músicas de seu show, que permeou os excelentes trabalhos Olho de vidro (2021) e do recém-lançado Big Buraco (2025). Arrisco dizer que Jadsa realizou um dos melhores shows da primeira noite; em poucos minutos angariou um público atento que fez coro em várias canções deixando um ar intimista pelo envolvimento palco/plateia. Arrisco sugerir, aos melômanos de plantão, o trabalho desta artista que produz música autoral interessante e, por isso, imagino que ainda deve render excelentes frutos. Realizamos, Renan Colombo Simões e eu, uma entrevista exclusiva com Jadsa, confiram na página do BDD.
O terceiro show da noite foi da baiana Melly, que ganhou contornos daquele tipo de áurea que permeia os grandes festivais. A esta altura, 20h30, já era perceptível uma maior presença do público. Melly brilhou e a sua voz sedutora (tipo R&B) envolveu o público principalmente pelo sucesso do Amaríssima (2024) e do Azul, título do seu bem-sucedido EP (2021).
Os goianos Boogarins subiram no palco às 21h30 e apresentaram o trabalho mais recente, Bacuri, quinto álbum de estúdio desta que é uma das bandas consagradas pela fusão competente da psicodelia com outras referências sonoras brasileiras. Conversamos, com exclusividade para o Bolsa de Discos, logo após a apresentação da banda, com o vocalista Dinho. Na entrevista, podemos entender um pouco do momento atual da banda, como também da fase pessimista de 2017 e outros detalhes.
Ainda estávamos na área dos camarins quando era impossível não ouvir os gritos eufóricos da plateia da cantora mineira Marina Sena. O público incrivelmente numeroso aguardava ansioso pelo início do show do último álbum da artista chamado Coisas Naturais (2025). A cantora entregou o que se espera: um show com belo figurino, sensualidade, balé competente e efeitos plásticos de show digno de grande diva.
Aproximadamente às 23h30, subiu ao palco o que para mim soou como novidade: o trio formado por João Gomes, Mestrinho e Jotapê e o trabalho especialmente elaborado para homenagear o garanhuense Dominguinhos. O que pareceu novidade aos meus olhos foi a execução de um show permeado pelos clássicos do forró e da plateia dançante do tradicional forró pé de serra. O show Dominguinho conta com cenário especial que relembra casas do interior do nordeste com arquitetura de décadas passadas. Os músicos se apresentam a maior parte do tempo sentados e se revezam entre os sucessos musicais próprios e sucessos do saudoso Dominguinhos. No repertório, ainda foi incluído Belchior e outros sucessos de forrós nordestinos. A sensação ao final do show é a de que talvez exista referência musical em demasia, parecendo faltar uma base sólida capaz de tecer um elo entre tantas informações. Porém, nada disso parece ter problema para o público que participou ativamente da apresentação.
Por volta de 1h30 da manhã, tem início o último show dos palcos dentro da arena. Don L apresentou um show vibrante e tecnicamente bem executado, contando ainda com uma plateia participativa que parecia satisfeita com o espetáculo musical. Por volta de 2h40, Don L encerra a sua apresentação e temos a oportunidade de mais uma entrevista exclusiva para o Bolsa de Discos. Leia o conteúdo na íntegra no BDD.
A programação do festival Mada é tão intensa que impossibilita conseguir acompanhar todas as apresentações, pois os shows que ocorreram no Baile da Amada do lado de fora da Arena acontecem simultaneamente aos shows de dentro. Por isso, a nossa cobertura infelizmente não conseguiu acompanhar os shows de Afreekasia; Bateu Pode Comemorar; D. Silvestre; Febem; Kenya20HZ e Jennify C convida Casixtranha. A programação do Baile da Amada chama atenção pela qualidade e pela participação também de mulheres, artistas negros e também abertura aos trabalhos de pessoas LGBTQIA+. Certamente vale muito a pena conferir.
No segundo dia do Mada continuamos o nosso trabalho de cobertura. Acompanhe tudo no site BDD e/ou no Instagram.
ESTRUTURA DO MADA
Posso facilmente afirmar que o festival Mada continua consolidado como um dos grandes eventos de música do Estado. No entanto, apresento algumas observações sobre esta edição especificamente, embora a minha relação com o Mada enquanto plateia do Mada, ocorreu lá pelos longínquos anos de 2005. A estrutura daquela época ainda acontecia na região da Via Costeira e a experiência era pé na areia, ventania com areia e som do mar ecoando simultaneamente às atrações que se revezavam nos dois palcos montados, dentro da estrutura física do então Hotel Imirá. De lá pra cá, o evento se transformou enormemente e sua instalação na Arena das Dunas, local que vem se firmando como a casa deste festival já há alguns anos com sucesso, mas também com algumas fragilidades.
Organização e infraestrutura (banheiros, alimentação…)
Os banheiros químicos estão organizados em uma quantidade aceitável. Eles estão localizados fora da região do campo e não totalmente aceitável quanto a manutenção de limpeza.
Os preços, praticados pelas bebidas e comidas (alguns itens) nesta edição, podem assustar pelos valores, por exemplo, uma garrafa de água mineral com ou sem gás de 500ml custa este ano, dentro da arena, R$ 7,00, a cerveja com menor preço R$ 13,00 e Beats R$ 18,00. Para comer, percebemos que o valor da pizza em fatia tamanho tradicional R$ 20,00, valor semelhante ao ano passado retiraram a promoção de comprar uma pizza salgada e ter desconto na doce e acrescentaram uma de tamanho retangular (um pouco maior) que custa R$ 25,00, mas a pizza com oito fatias tamanho tradicional R$ 108,00.
Alguns pontos que merecem atenção e que podem gerar melhor experência do Mada:
ÁGUA: Procurei algum ponto de acesso à água potável de maneira gratuita para o público geral. A assessoria do evento informa que este serviço não se encontra disponível. Deixo aqui a minha observação sobre a importância da existência de algum ponto de acesso à água em eventos.
DESCANSO: Na edição do ano passado, percebi mais pontos de apoio com assentos para o público do gramado. Era visível a busca por algum espaço apropriado para sentar.
ACESSO: Não localizei o ponto de acesso para cadeirante na região do baile da Amada. Vale lembrar que para acessar a área do lounge, bem como a área do baile da Amada, é necessário subir um bom lance de escadas e que em vários momentos fica extremamente congestionada.
ACESSO 2: Acredito que seria interessante ampliar a quantidade de acesso de escadas ao baile Amada como área do lounge para deixar o trânsito mais livre e fluido.
