COTAÇÃO: ★★★★☆
Empresa — Virgin
Gênero — Rock progressivo
É assustador olhar para a carreira do britânico. Poucos artistas ostentam uma coleção musical tão impressionante, seja solo ou com sua banda Porcupine Tree. Agora, ele tem literalmente dezenas de álbuns em seu currículo, sendo um músico tão ambicioso quanto difícil de classificar. Essa incontinência criativa pode ser uma faca de dois gumes.
O comunicado de imprensa deste novo álbum diz que “The Overview” é o retorno explícito de Steven Wilson ao estilo de rock progressivo com o qual ele tem sido frequentemente rotulado, um tanto relutantemente. E bem, a influência do Pink Floyd dos anos 1970 permanece inseparável do estilo do compositor, assim como os toques que evocam o clássico David Bowie. Mas há um pouco de tudo aqui: música eletrônica, pós-rock quase cinematográfico, toques de metal, pop inteligente, vanguarda inclassificável…
Bowie, autor de canções inesquecíveis como “Starman”, faz todo o sentido, porque o álbum é baseado na experiência complexa que aqueles que têm o privilégio de contemplar a Terra do espaço aparentemente têm. Sensações aparentemente contraditórias, que aqui servem de ponto de partida para duas longas composições estruturadas em segmentos que se sucedem organicamente. Assim como Bowie se tornou existencial com suas metáforas espaciais, o artista britânico propõe uma viagem que é ao mesmo tempo cósmica e introspectiva, e com suas sutilezas e excessos, ela funciona.
Os dois blocos musicais fluem perfeitamente, e “The Overview” serve como uma ambiciosa jornada sensorial que também nos lembra do poder do som. Indo além das limitações genéricas e assumindo certos postulados que são anátemas em certos ambientes, Wilson é capaz de evocar todos os tipos de emoções e sensações, sem perder o foco.
E voltando ao brilhante artista britânico (Bowie, quero dizer), na ausência do Radiohead são poucos os artistas hoje capazes de transitar do space pop com acústica e melodias vocais inspiradas para o poderoso riff de baixo de “Objects Meanwhile” (com letra de Andy Partridge do XTC ); É o corte essencial do LP que condensa o espírito de um álbum no qual vale a pena se perder. Seria maravilhoso poder ouvir isso lá de cima.