Imagem: Marina Sena e Johnny Massaro — Foto: Gabriela Schmidt
Numa Ilha” é o novo single de Marina Sena e prenuncia a chegada de seu terceiro disco, que está em fase final de criação. No clipe da música, a cantora aparece de pés descalços na areia e se derramando de paixão ao contracenar com Jhonny Massaro, usando e abusando de sua sensualidade nos movimentos de dança e expressão corporal. A paisagem paradisíaca e deserta que serviram de cenário contrasta radicalmente com a experiência de seu disco anterior, “Vício Inerente”, pensado e produzido por ela em São Paulo e que explora aspectos marcantes da vida da metrópole e sonoridade voltada para o fervo.
A escolha de “Numa Ilha” para ser o primeiro single do novo disco serve como um prenúncio de verão e pode ser a trilha sonora de quem vai explorar a enorme costa brasileira ao longo da temporada, que quer viver um romance fugaz ou pelo menos imaginá-lo. Mas, para Marina Sena, a música representa mais do que isso. Em entrevista, a artista afirmou que a canção foi a primeira que fez da sua leva nova de composições e, por enquanto, é também a sua favorita do álbum. Segundo Marina, ela já poderia considerar o álbum pronto, mas quer esperar passar dezembro e janeiro para ver se não surgem mais inspirações que possam entrar no disco.
A música anuncia uma nova fase na carreira e na sonoridade de Marina Sena, em que seus desejos e sua inspiração se voltam completamente para a essência das raízes que carrega consigo, dosando com a figura da diva pop que construiu nos últimos anos. Para ela, se conectar com a natureza, com sua cidade natal, com o modo de vida desacelerado no qual cresceu, tirar a maquiagem e descer do salto são fundamentais para ela ser o que é. Nada mais saudável para não pirar com o ritmo louco de trabalho que seguiu nesses anos, desde que estourou com “De Primeira”, o primeiro álbum da carreira solo.
Nessa fase, Marina Sena também volta às origens musicais e tem ao seu lado os antigos parceiros da Outra Banda da Lua, Dedeco e Bragança, e produção de Janluska. Segundo a própria cantora, ela estava sentindo falta das texturas que explorava com sua banda de Montes Claros e não teve dúvidas ao escolhê-los para o momento em que deu o start na hora de começar a trabalhar no novo álbum. Para isso, ela os convidou para uma temporada em um sítio no interior de São Paulo em que se dedicaram integralmente à criatividade artística, quando nasceram as canções para o disco.
Como já havia escrito aqui no Poro Aberto antes, ao anunciar a inauguração do projeto Zuca, A Casa da Música Brasileira, Marina não perdeu de seu horizonte suas origens, seus parceiros antigos e nutre profundo respeito pela cena da música independente, de onde veio. Agora, ela alimenta essa cadeia de quma maneira saudável e criativa.
Ao falar sobre os estilos musicais pelos quais passeia, ela diz que não vê o momento como uma espécie de volta da “Marina MPB”, por retomar a liricidade e uma produção mais orgânica. E problematiza sobre o que significa usar o termo MPB nos dias de hoje para caracterizar uma determinada música ou artista e diferenciá-lo da música pop. Além de tudo a gata é antenada e vai no ponto da discussão em que a crítica e o jornalismo musical ainda derrapam.