“From Zero” – Linkin Park
COTAÇÃO: ★★★☆☆ (BOM)
Após um retorno tão improvável quanto esperado, o Linkin Park não pretende desacelerar. “From Zero “, seu primeiro álbum em sete anos e o primeiro desde a morte de Chester Bennington, já havia deixado claro que esta nova fase não buscava repetir fórmulas ou capitalizar a nostalgia. A edição especial do álbum (com três músicas inéditas e cinco faixas ao vivo gravadas durante a nova turnê) pretende ser mais do que apenas um acréscimo para os fãs completistas e se tornar um encerramento necessário para um período marcado pela reafirmação da banda.
As três músicas inéditas incluídas nesta edição especial são como aquelas cenas extras no final de um DLC de videogame; talvez não precisássemos delas para completar a história, mas nos ajudam a entender um pouco do momento que a banda está atravessando e para onde estão olhando. “Up From the Bottom” é pura reativação emocional: um ritmo denso e sombrio, e um baixo distorcido que lembra o mais opressivo “Reanimation”, canaliza a tensão entre a voz rouca de Emily Armstrong e as falas de Mike Shinoda, um jogo de vozes em que a banda parece ter aquela conversa incômoda, mas necessária, entre seu passado e presente, um diálogo que faz mais sentido sabendo que foi uma das primeiras músicas que escreveram após seus primeiros shows com a nova formação. “Unshatter” está no lado mais melódico do álbum, uma música que poderia facilmente ter nascido na era “Minutes To Midnight” (07) , mas que é revestida por uma produção mais etérea, mais contida, mais atual. É também talvez uma das faixas onde a influência de Armstrong é mais perceptível, já que é uma das primeiras músicas cuja composição ele participou ativamente. E essa tríade termina com “Let You Fade”, provavelmente a mais surpreendente desta nova série de músicas, que nos fala desse luto que nunca desaparece completamente, dessa aceitação do luto como parte da vida.
Mas talvez o aspecto mais brilhante deste lançamento sejam as suas cinco faixas ao vivo. Gravadas durante as primeiras datas da turnê mundial “From Zero” , elas são a primeira demonstração oficial do que a banda pode oferecer no palco com sua nova formação.
“The Emptiness Machine”, “Over Each Other” e “Two Faced” soam ainda mais nítidas ao vivo. A interação vocal entre Shinoda e Armstrong, que já era a força motriz do álbum em estúdio, ganha corpo e tensão. Armstrong não tenta tomar o lugar de Chester, e é justamente isso que o destaca: sua performance não é mimética, é combativa. Ele traz sua identidade sem precisar pedir permissão. A reação do público (claramente audível em alguns momentos) parece confirmar que, embora a mudança tenha sido dolorosa e divisiva, a banda alcançou algo mais importante do que convencer: conectar.
O Linkin Park encerra uma primeira fase de redescoberta e validação, tanto interna quanto externamente. Se o álbum original buscava um equilíbrio entre legado e reinvenção, esta edição especial consolida essa direção: reafirma seu som, comprova sua confiabilidade ao vivo e deixa claro que a história do Linkin Park não terminou, nem de longe, em 2017.