O espetáculo “Aparecida”, com dramaturgia autoral da atriz Lenilda Santos, da Companhia Escarcéu e direção de Tony Silva será apresentado no 14º Festival Popular de Teatro de Fortaleza, nesta sexta-feira (14), Espaço Popular de Arte – Rua Maria Saraiva, 41, às 15h.
Trata-se de uma montagem que transita entre canções de ninar, dança para orixá e reflexões profundas sobre as questões étnicas raciais. Aparecida vai trazer a protagonista em constante exercício de reinvenção, buscando romper com um sistema opressor e limitador, trazendo à tona a jornada de histórias que entrelaçam suas memórias culturais e emocionais obscurecidas pelo patriarcado. A proposta visa envolver o público em um processo de experimentação sensorial, abordando aspectos cotidianos da população feminina negra em situação de rua.
Aparecida, uma mulher negra de 50 anos, vaga pelas ruas, emocionalmente abalada e sem memória de sua própria história. Em sua busca desesperada por reconstruir sua identidade, ela enfrenta insultos, reflete sobre os espaços roubados das mulheres negras na sociedade e revive sua ancestralidade, como se estivesse escravizada. Na sua trajetória, Aparecida dança para Oyá e Oxum, invocando forças espirituais e celebrando sua transformação. Decidida a enfrentar seus medos e a submissão, ela resolve não mais permitir ser violada, seja no trabalho ou em casa. Outra personagem, também chamada Aparecida, é uma jornalista que investiga a situação do povo negro no Brasil. Ela intervém, conectando as cenas e trazendo à tona as realidades de mulheres negras como a Aparecida em situação de rua, que, embora vivam em mundos distintos, sofrem os mesmos preconceitos e discriminações reforçados pelo patriarcado.
No final, as duas Aparecidas se encontram em um momento emocionante de conexão, unindo suas histórias em um poderoso retrato da luta das mulheres negras por autoconhecimento, resistência e libertação, e evidenciando que o preconceito vai além de uma questão racial, abrangendo também as complexidades sociais e de gênero.