A vocalista da banda mossoroense Manjeronna fez uma constatação. Observa uma cena alternativa mais diversa na cidade, a ponto de consolidar nomes que ganham espaço na música local com muita qualidade. Há dez anos no som, Bruna Blue (o azul deriva também da cor de seus cabelos) desenha seu projeto com ideias que devem resultar em EP este ano. Nesta entrevista ao BDD, ela fala da construção de sua nova banda, as lições deixadas pelas anteriores, quando atuou de bandas covers do Evanescence ao seu primeiro grupo, o Potato. Head Agora com o Manjeronna a atitude indie e política está bem presente. “A Manjeronna é uma banda 100% LGBT com uma energia feminina latente e forte, assim como outras bandas lideradas por mulheres na cidade, como BlackWitch, Sangre O Sistema, Hell Lotus, Lasting Maze, Coisa Luz, entre outras… “, disse. Nesta conversa, ela fala de sua ligação com a música, influências e os projetos em andamento.
Fale um pouco de sua trajetória na música
Desde a minha infância sempre gostei de cantar, e na adolescência fui ate a fase regional do The Voice BR, 1ª temporada. Comecei aqui na cena de Mossoró há dez anos, primeiro projeto que montei era ser autoral, acabou que não saiu dos ensaios (risos), mas me proporcionou conhecer pessoas que me convidaram para ingressar na banda Hidden, que na época, fazia cover do Evanescence, minha banda preferida naquele momento. A banda durou comigo no vocal passando por trocas de membros por alguns anos. Depois encerrou as atividades em meados de 2019. No mesmo ano fui selecionada para fazer um show da tour do Edu Falaschi em Natal, mas foi cancelado. Já na pandemia, formei meu projeto Potato Head com meu melhor amigo, que hoje em dia é meu parceiro de jornada na vida. Durou uns três anos o projeto, onde participamos de vários festivais versão online, como o Festival Desérticas, Suado, e DoSol Interior. E então entrei na Manjeronna ano passado, e estamos ai nas atividades!
Você disse que mantinha um projeto, o Potato Head, mas agora está trabalhando no Manjeronna. Qual a diferença dos dois? E porque o Potato não seguiu em frente?
O Potato Head foi um projeto muito importante para mim como artista, pois foi meu primeiro projeto autoral, onde pude construir minha identidade artística, me descobrir, experimentar, e aprender muito sobre os processo criativos que envolvem um trabalho autoral, como composição, gravação, divulgação nas plataformas digitais e tudo que gira em torno disso. O Potato tinha um estilo e identidade muito singulares, era um rock psicodélico com uma pitada de grunge, indie rock e serviu pra traduzir muitos sentimentos que eu tinha na época. Já o Manjeronna fui convidada por Vitória Bessa (bateria) a fazer os vocais pra completar o time da banda, que conta com Davison Victor (guitarra) e Paula Rodrigues (baixo). Estamos no processo criativo das musicas, girando em torno de um rock transitando pra um metal alternativo com vocais distorcidos e uma pitada de nostalgia dos anos 2000.
A Potato não seguiu por alguns fatores, mas acredito que o principal foi a imaturidade de lidar com banda autoral, daí aconteceram algumas coisas que acabaram fazendo a vibe do projeto “morgar”. Então encerramos as atividades, mas com muito carinho e respeito pelos ensinamentos que ficaram.
Com este novo projeto, pensa em fazer show ou conta com trabalhos autorais?
A Manjeronna começou muito bem! O nosso segundo show já com o setlist totalmente autoral. Foi no Festival DoSol Interior, que ocorreu em maio do ano passado aqui em Mossoró, e nos rendeu um convite para participarmos da edição comemorativa de 20 anos do festival, que aconteceu durante todo o mês de novembro do ano passado em Natal. Foi na mesma época que lançamos nosso primeiro vídeo clipe de estreia disponível no Youtube, chamado “Cookie”. Também tem a versão live do festival Dosol Interior. Estamos com planos de gravar e lançar um EP ainda esse ano. Então pode esperar que vem coisa boa por ai.
Como você define seu som e suas influências?
A Manjeronna tem um som bastante único, ao meu ver, um rock/metal alternativo, com muitas influências da cena alternativa do início dos anos 2000.
Tem acompanhado a cena roqueira de Mossoró? O que tem chamado a atenção?
Como mãe atípica, infelizmente não tenho como estar tão presente fisicamente como gostaria na cena, mas sempre que consigo estou indo nos eventos tanto para tocar, como prestigiar os colegas, ajudando a fortalecer a cena underground que precisa muito da união e coletividade pra continuar existindo. Nos últimos anos, venho notando que as mulheres e LGBTs estão, aos poucos, aparecendo e se consolidando na cena underground com mais propriedade sem se deixar abater. A Manjeronna mesmo é uma banda 100% LGBT com uma energia feminina latente e forte, assim como outras bandas lideradas por mulheres na cidade, como BlackWitch, Sangre O Sistema, Hell Lotus, Lasting Maze, Coisa Luz, entre outras… Notar que, aos poucos, isso está acontecendo me deixa muito feliz. Saber que não é só de macho que a cena é feita, deixa a gente mais confortável em ocupar os espaços que também são nossos por direito.